2 de dezembro de 2006

Em verdade vos digo

Pela lente desfocada
Da minha fraca mediunidade
Adivinhei brancas, de luz,
Duas entidades
Que ao meu leito vieram
Numa dessas noites
Que passei pregado
À mágoa - minha cruz
Por caridade,
Falar do amor
Do seu mestre Jesus
Amigos, pensei,
Com todo o respeito que devo
Às vossas alvas túnicas
Quero lembrá-los que se hoje
Vos falo cínico, crasso
Foi muito a contragosto
Que desci um dia, do espaço
Mas, enfim, já que existo
- coisa dolorosa! –
Esqueçam a pena, esqueçam Cristo
E me tragam Madalena
Não vês que é tanto vinagre
Engolido sozinho
Que outra noite tentei
Aquele milagre mundano
Transformar a mágoa
Em vinho?
Em verdade, amigos,
Em verdade vos digo
Não é carne sem verbo
O amor que persigo
Nem verbo sem corpo
De apenas amigos
Compartilhando a beleza
De rigorosamente nada
Não é harpa de Nero
Nem coroa de espinhos!
Mas é verbo feito carne
Equilíbrio de extremos
No meio do caminho

4 comentários:

  1. Esse poema é um dos melhores que já li até hoje, fantástico!
    Parabens, Rogério.
    Grande abraço

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  2. aí escolho kant e schoppenhauer: nunca estaremos livres das máscaras e das prisões que nos impomos. até mesmo quem critica está fadado a jogar o tabuleirod e xadrez.

    se libertar? sim, pode ser. mas, antes, seria bom admitir que vc usa máscaras, e que vc não é especial , ou diferente, por isso.

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  3. hum... já pensou em parar de falar de mulher? rs


    "e você, monjh? já pensou em parar de falar de máscaras?"

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  4. Nossa...acho que conheci alguém de grande valor!!!!
    As vezés,o que leio é tão bonito que nem sei me expressar,como agora!rs
    Mesmo sem criatividade,passei por aqui...
    Abraço.

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