1 de novembro de 2006

Oito notas misóginas

1- Eu penso nela. Linda. Idealista. Se o rosto dela fosse compartilhado por toda a humanidade, eu partilharia das idéias que ela que tem. Mas somos feios em nossa maioria. Que algum fascismo nos guie o mais assepticamente possível até o fim, sem ruídos. Que as multidões não sejam guiadas por palavras de ordem, mas por um silêncio mortal.

2- Eu não vou disputar os favores e as preferências das fêmeas. Julgava ganha-las sondando-lhes a alma e lhes ofertando a minha inteligência, quando as perdia exatamente pos isso, passando a assumir não sei que indigno papel no imaginário feminino, esquecido que o feminismo é apenas um colar bonito que tiram quando se deitam com o dono do carro. O espaço que eu procurava, esse coube sempre ao imbecil que melhor lhes lembrasse um pai simplório deitado no sofá num domingo de merda, que melhor lhes cheirasse a tudo quanto diziam desprezar. E não importa se é o Faustão que assistem ou se assistem um clipe.

3- Eu não vou me prestar ao jogo da sedução, não vou me ferir e me humilhar de novo participando desse teatro, dessa peça onde todos se pretendem reis e vilões, e que frequentemente é uma comédia encenada por bobos para o prazer de uma boceta que se dá mais valor do que realmente tem.

4- Eu sei que ela trabalhou de forma a fazer com que nos odiássemos, com que nos batêssemos como alces de algum documentário, alimentando seu ego com a luta onde eu dava meu sangue e o melhor da minha alma e ela apenas tomava, intimamente extasiada.

5- Seja homem, dizem. Seja forte. Pra carregar as malas de quem?

6- A fêmea assiste lisonjeada enquanto os machos se batem às cabeçadas, medindo o tamanho dos cornos. Nisso consiste o jogo da sedução. Não quero ser a verde campina, quero ser a paisagem incinerada. Queria ser velho e estar morrendo.

7- Eu quis me aproximar da menina, mas desisti com medo daquela imagem do cara invasivo, inconveniente. Depois a vi conversando alguma bobagem aos risos com um cara invasivo.

Poucas coisas na vida me fazem sentir tanto ódio.

8- Encontrei o pessoal da banda sentado num café na Savassi. Puxei uma cadeira e conversamos. Rimos muito evocando aquele tipo social que costuma lamentar a própria sensibilidade, dizendo que gostaria de ser como as outras pessoas, que sentem menos. Depois formulamos conclusões machistas, rindo às gargalhadas.

Foi uma das conversas mais tristes que eu já tive.

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