9 de julho de 2005

Rei africano

Não é um amor?
Anda comigo, calado.
O meu criado.
Um rei africano
Em trajes barrocos,
Cativado,
Esperando o sinal
Do amo.
Tão educado.
Mas não te iludas.
Reinaria se pudesse.
Se tivesse
Não a virtude
Que admiras,
Hipócrita,
Em marfim, crucificada,
Mas, como o marques,
Teu coração
Aquilo que o fez
Negro,
Escravizado.
E a meu criado
Sobre algo pagão,
Marquesa, eu ensino
Que se esconde
No mundo cristão.
E o português
Pra ele, te ouvindo
Falar do dono
Do seu coração,
Entender:
É melhor ser rei
Que irmão.

1 comentário:

  1. Diferente mas lindo, como todos que eu já li de você.
    Sua poesia me emociona muito.
    Beijos

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