2 de julho de 2005

Poema emprestado

Afogou-se em mágoas por pura falta do que fazer
Sem causa e com efeito
Trouxe a dor íntima para a vida social
Estampou na face um pedido de socorro
Que todos fingiram não ver
Estacionou a vida por tempo indeterminado
Deixando fluir só os pensamentos
Quis gritar mas conteve-se
Não estava pronto para ser notado
Chorou quando todos dormiam
Escreveu quando ninguém estava por perto
Sussurrou lamentações consigo mesmo
Foi abordado algumas vezes
...nunca para ter o pedido de ajuda atendido
Questionavam-lhe a vida pacata
Julgavam-lhe vagabundo
Culpavam-no da situação
E ele...
Não podia argumentar
Não podia discutir
A raiva fazia-o engasgar com as palavras
Tropeçar nas idéias
E continuava contendo-se
Abstendo-se
Suportando
Continuava no tédio
No vazio
Na dor
No nada
Continuava com o pedido estampado na testa
Continuava sendo ignorado
Continuava não atendido
Continuava mal-entendido
... Até que não continuou mais

Flavia Nobre

Sem comentários:

Enviar um comentário