(Soneto ao afastamento do delegado Protógenes Queiroz das investigações sobre a rede de corrupção de Daniel Dantas)
Por breve momento, julgamos estar encarnados
E corremos em direção ao mundo, para o tocar,
Mas novamente vemos: somos vultos a vagar
Num plano que não é nosso, encarcerados.
Corremos em direção aos vivos, para os agarrar,
Mas nossas mãos atravessam-nos, imateriais,
Enforcam o ar. Tentamos uma vez e outra mais.
Praguejamos. Os vivos a ninguém ouvem gritar.
Do mundo dos mortos, porém, nos afligíamos
Por quem parecia poder tocar o que só víamos.
Está ele agora aqui conosco. Já não tem voz.
Transferido foi para o plano onde estamos,
Pelos vivos que inutilmente assombramos.
Bem-vindo às sombras, doutor Queiroz!
16 de julho de 2008
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