Pela lente desfocada
Da minha fraca mediunidade
Adivinhei brancas, de luz,
Duas entidades
Que ao meu leito vieram
Numa dessas noites
Que passei pregado
À mágoa - minha cruz
Por caridade,
Falar do amor
Do seu mestre Jesus
Amigos, pensei,
Com todo o respeito que devo
Às vossas alvas túnicas
Quero lembrá-los que se hoje
Vos falo cínico, crasso
Foi muito a contragosto
Que desci um dia, do espaço
Mas, enfim, já que existo
- coisa dolorosa! –
Esqueçam a pena, esqueçam Cristo
E me tragam Madalena
Não vês que é tanto vinagre
Engolido sozinho
Que outra noite tentei
Aquele milagre mundano
Transformar a mágoa
Em vinho?
Em verdade, amigos,
Em verdade vos digo
Não é carne sem verbo
O amor que persigo
Nem verbo sem corpo
De apenas amigos
Compartilhando a beleza
De rigorosamente nada
Não é harpa de Nero
Nem coroa de espinhos!
Mas é verbo feito carne
Equilíbrio de extremos
No meio do caminho
2 de dezembro de 2006
Subscrever:
Mensagens (Atom)