tag:blogger.com,1999:blog-93974232024-03-14T08:39:15.703-03:00De UmbrisR. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.comBlogger54125tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-83911771168840516432011-01-22T19:02:00.000-02:002011-01-22T19:02:33.147-02:00Novo blogAgradeço a todos os que me acompanharam aqui e informo que continuarei postanto no meu novo blog:<br />
<br />
http://sentimentosinuteis.blogspot.comR. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-21352534007558559742009-04-16T04:17:00.002-03:002009-04-27T00:58:12.640-03:00Flor, te alimentaDou à treva seres que empurro <br />De volta pra dentro<br />Pra não encarnar sentimentos<br />No corpo aleijado de palavras<br />De versos desbotados<br />Sobre mágoas normais<br />Que vão passar <br />Nem sentir sentimentos<br />Que são coceiras cínicas<br />na ponta do membro amputado<br />Ou visita que trouxe presente<br />Sem saber que o aniversariante morreu<br />E que eu tenho que receber.<br /><br />Flor, te alimenta. <br /><br />Eu cobro de uma gerência qualquer<br />O direito que tenho a sensação vaga de ter<br />Sobre o preço pago por um utilitário fundamental<br />Que não sei pra que serve,<br />Mas veio diferente do modelo que nunca vi<br />E que sou eu e a minha vida.<br /><br />E a gerência não vem.<br /><br />E eu me cansei de enviar estes ofícios<br />Sobre mágoas normais <br />Que vão passar. <br /><br />Flor, te alimenta.<br /><br />Estou cansado dos que dizem <br />Que eu entortei a mercadoria<br />Que não encomendei<br />E que tenho que pagar<br />E que era a própria régua. <br /><br />Flor, te alimenta.<br /><br />Estou parado na beirada da prisão<br />Que ninguém diz se é obra de seres inteligentes<br />Ou construção do vento<br />Em fotografia imprecisa feita por sonda <br />Que pousou em um planeta distante,<br />O nosso.<br /><br />Estou parado nas bordas<br />Da prisão que ninguém vigia<br />E não atravesso<br />Porque depois é escuro...<br />Nascer é ser exilado. <br /><br />Flor, me liberta. <br /><br />Ah, que raiva de ser humano...<br />Flor, me liberta.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-51923531293530978382008-12-22T18:29:00.002-02:002009-04-27T00:56:47.622-03:00InconvenienteÀs vezes eu me sinto como se eu tivesse escolhido na lista telefônica alguém que nunca me dirigiu uma palavra sequer e estivesse me dedicando a encher-lhe o saco, mas então repasso as minhas memórias recentes e fico sem entender em que momento passei a ser um estranho.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-74917992030617563552008-10-29T23:56:00.003-02:002009-04-27T00:58:12.640-03:00Viadinho emo se suicida após brincadeira bem-humoradaAgência Róiters<br /><br />Incapaz de tolerar a liberdade alheia, um emozinho bicha disparou contra a própria cabeça após inocente brincadeira de garota, que já teria feito o mesmo com dezenas de outros rapazes, os quais, psicologicamente saudáveis e machos pra valer, levaram na esportiva e declararam que "mulher é assim mesmo". <br /><br />“No começo, eu senti revolta e cheguei a tentar entender o porque da piada, mas depois percebi que estava querendo mudar o jeito de ser de outro ser humano”, conta Simon, também alvo da travessura. “Com o programa de 10 cambalhotas em cima de brasa chupando cana e assobiando, aceitei que eu sou responsável pela minha vida e que os outros só podem me atingir se eu permitir, a menos, é claro, que você seja mulher e tenha sido estuprada ou agredida. Aí a culpa é do outro, sim”. <br /><br />Segundo análise da voluntária do grupo de desumanização do shopping Dantas Mall, Sandra Moreira, há entre os jovens um grupo que não assimilou o pragmatismo da sociedade de consumo nem herdou a galhardia dos antigos cafas, desconhecendo que "a verdade é meu dom de iludir" e não dispondo, portanto, de senso de humor ou auto-defesa básica. “São jovens superprotegidos carecendo de boas doses de superficialidade e frieza”. <br /><br /><br />- Especialistas - <br /><br />Especialistas explicam que o suicídio foi, na verdade, um ato de agressão não-realizado contra a vítima brincalhona, caracterizando-se, portanto, como crime de gênero. A garota, bem-resolvida, recupera-se bem do tiro machista que o rapaz problemático deu em si mesmo e diz que não aceita a culpa patriarcal pelo ato do doentinho emo e promete prosseguir com a pilhéria faceira de adolescente. <br /><br />"Eu trabalhei a mente e os sentimentos dele por meses. Lia seu blog para saber que fragilidades explorar. É uma disputa normal entre as meninas aqui e eu dei o meu melhor", conta Jeniffer, acrescentando ainda que se assustou com os desvios de possesividade machista do viadinho emo quando ele escreveu no MSN que sentia falta dela e gostaria de vê-la pessoalmente. “Mas estava muito perto para voltar atrás. O segredo é descobrir o que falta ao outro e fingir oferecer-lhe isso”, completa, mostrando orgulhosa o último poema que o jovem lhe enviara por e-mail. <br /><br />A palavra "ética" aparece com frequência perturbadora no blog (ambiente digital de autocomiseração) da bichinha mimada, revelando alto grau de intolerância. O verbete só perdia para "respeito", termo indicador, por sua vez, de baixíssimo nível de resistência à frustração. “Nada que uma ou duas analistas boas não resolvessem mediante preços módicos em qualquer consultório do baixo-meretrício”, garante Sandra. “Na falta de interiorizar a frieza a nível simbólico, o machista possessivo inseguro e mal-resolvido buscou a frieza do túmulo a nível concreto, o que é uma lamentável perda para o mercado de consumo em geral, com exceção do segmento funerário”. <br /><br />No que depender de Jeniffer, o setor continuará aquecido.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-71552542702321225002008-07-23T03:34:00.018-03:002009-04-27T00:58:12.640-03:00Objetos Identificados<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL0r91JKwkrHj_mdavAy3TqzAA_v4-H2ZhL_ZOyW8QvWtqnAvnbMesqrNbb6UbMVb9oiLAkQtQk8UuBp8Ae2drLrGZUok82qhpwZIERNjfvAUWwNRtJYlGyt6tK8ywadua9IQY3A/s1600-h/Estrada+a+noite.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgL0r91JKwkrHj_mdavAy3TqzAA_v4-H2ZhL_ZOyW8QvWtqnAvnbMesqrNbb6UbMVb9oiLAkQtQk8UuBp8Ae2drLrGZUok82qhpwZIERNjfvAUWwNRtJYlGyt6tK8ywadua9IQY3A/s400/Estrada+a+noite.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5226094416677475218" /></a><br /><p>Assim rimando eu vou regando uma flor<br />E cultivando essa flor.<br /><br />E pra alimentar essa flor<br />Enterro objetos guardados<br />Da cenografia das minhas memórias,<br />Os reflexos que maquiaram estradas<br />Que interpretaram vias de luz,<br />Tons que vestiam por dentro<br />O ir de carro com meus pais,<br />À noite, por auto-estradas,<br />Jardins de luzes de gás,<br />Procurando as luzes<br />Das naves espaciais,<br />Procurando fadas modernas,<br />Aeronaves espaciais. <br />Enterro fragmentos de objetos<br />Que atravessaram portais<br />Estampados nas saudades<br />Que se vestiam, estreladas, <br />De heranças siderais.<br />Coisas guardadas em caixas<br />Com objetos que identifiquei. <br />Pedaços de luzes e naves<br />E fadas que encaixotei. <br /><br />E alimento essa flor<br />Com oferendas deixadas no asfalto,<br />Com objetos identificados<br />Do menino do espaço<br />Que vestiu ásperas texturas <br />De sons que se arrastam no umbral,<br />O menino do espaço que aprendeu<br />A vestir armaduras de metal,<br />Mas te abraçava e encontrava<br />Na sua presença um dos seus,<br />Conterrânea exilada <br />Dos espaços siderais,<br />E no seu abraço um pedaço<br />Das luzes das naves espaciais,<br />Reflexos tortos das luzes<br />Dos aeroportos astrais.<br />Sentimentos inúteis, natimortos.<br />Raízes fundas demais.<br /><br />Assim rimando eu vou regando uma flor<br />E cultivando essa flor.<br /><br />E pra alimentar essa flor<br />Represo águas passadas:<br />Janelas que se abriram<br />Sem que um lá fora existisse,<br />Abraços que apagaram,<br />Com tudo que você disse,<br />Estar a pé no asfalto nu<br />E ouvir que escolhi essa estrada,<br />E te acusar de jogar<br />Com setas adulteradas.<br />Encontrar no florir desse ser<br />Uma forma de não esquecer<br />Que pudesse ser carregada. <br />E vou cultivando essa flor<br />Que ao represar silencia<br />A dor que assim cresce e floresce<br />E faz melhor e mais útil mal<br />Que navalha ou poesia.<br /><br />E vou regando essa flor<br />Com os retalhos das asas sem céu,<br />Com matérias rasgadas de jornais<br />Que ficaram por escrever<br />Em páginas policiais<br />Com o papel que te neguei. <br />E ao negar fui regando essa flor<br />E eu rego a flor todo dia<br />Porque não posso explodir<br />E implodo o seu florir.<br />E vou enterrando as luzes<br />Das aeronaves espaciais<br />Pra alimentar essa flor<br />Com os pedaços das naves astrais,<br />Com os cristais rachados<br />Dos abraços demorados, sublimes<br />E não tão sublimados,<br />Que não damos mais.<br /><br />E de você me faltando <br />Eu vou regando esta flor.<br /><br />E vou chamando essa flor<br />E regando e alimentando essa flor<br />Que em cor escura, ao florescer,<br />Fará a dor refugiada aparecer<br />Radiografada em novo ser.<br />Essa flor invertida<br />É a forma traduzida de dizer<br />Que as luzes passaram<br />E as naves se revelaram<br />Reflexos no retrovisor.<br />Meu amor, <br />É inútil odiar e rimar<br />E eu me calo a germinar<br />Esse fruto de escura cor.<br />O isso que o verso reduz<br />A “amor que não pode ser”<br />Traduz no corpo o que o verso<br />Perverte em jargão e clichê,<br />Que morre no tolo rimar,<br />Mas vive em adoecer.<br /><br />Essa flor não é arte.<br />A arte é pegada do ser que desceu<br />À treva analfabeta no fundo do eu, <br />Mágoa bruta mergulhada no breu<br />Onde não há flor, nem ser<br />(Nem breu), com restos <br />De objetos identificados<br />Que não eram estradas, nem naves,<br />Nem luzes, nem cristais, <br />Mas algo mais que não veio,<br />A não ser nos abraços<br />Que não damos mais,<br />E ali jaz, <br />Luz morta que alimenta <br />A raiz da flor cinzenta<br />Do meu mudo jardim,<br />A florir de volta pra dentro,<br />No escuro centro de mim,<br />O que abriu nas noites<br />De primavera enganada. <br /><br />Eu não estou escrevendo um poema,<br />Nem estou cultivando uma flor.<br /><br />Palavras não adiantam,<br />Estão germinando <br />Enterradas.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-48652615383499678772008-07-16T04:03:00.002-03:002009-04-27T00:58:12.641-03:00Soneto ao abafamento da operação SatiagrahaAprende, delegado, o estranho ofício<br />Do cão treinado a não encontrar,<br />De veneno de veneno separar, e apontar<br />Apenas do menos letal o indício.<br /><br />Ah, policial, cuidado ao latir!<br />Deves indicar o mal menos nocivo<br />e guardar, federal, teu distintivo<br />Diante de um mais alto pedegree. <br /><br />Lembra, policial, da sua coleira<br />E procede desta estranha maneira:<br />Investiga, mas não traz tudo ao claro. <br /><br />Segue do delito a suja trilha, <br />Mas detem-te às portas de Brasília.<br />Escolhe bem aonde por teu faro!R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-10929830550792192842008-07-16T00:44:00.004-03:002009-04-27T00:58:12.641-03:00Soneto ao afastamento do Dr. Queiroz<span style="font-style:italic;">(Soneto ao afastamento do delegado Protógenes Queiroz das investigações sobre a rede de corrupção de Daniel Dantas)</span><br /><br /><br />Por breve momento, julgamos estar encarnados<br />E corremos em direção ao mundo, para o tocar,<br />Mas novamente vemos: somos vultos a vagar<br />Num plano que não é nosso, encarcerados.<br /><br />Corremos em direção aos vivos, para os agarrar,<br />Mas nossas mãos atravessam-nos, imateriais, <br />Enforcam o ar. Tentamos uma vez e outra mais.<br />Praguejamos. Os vivos a ninguém ouvem gritar. <br /><br />Do mundo dos mortos, porém, nos afligíamos<br />Por quem parecia poder tocar o que só víamos.<br />Está ele agora aqui conosco. Já não tem voz.<br /><br />Transferido foi para o plano onde estamos,<br />Pelos vivos que inutilmente assombramos.<br />Bem-vindo às sombras, doutor Queiroz!R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-48474834285038225772008-04-21T20:29:00.001-03:002009-04-27T00:56:47.622-03:00Ao fracassado convémAo fracassado convém se convencer de que a grama do outro só é mais verde porque vista daqui. Ao fracassado convém achar que só a idealização faz parecer que o posto almejado era melhor.<br /><br />Aceitar o fracasso é provar em boca alheia o contra-gosto da uva, o gosto invertido da uva saborosa (é sim). Esse veneno que – Deus queira – vai te matar de câncer, e rápido. Só assim se conhece o verdadeiro sabor do fracasso, da rejeição.<br /><br />Ao fracassado convém crer que só perdeu aquilo que idealizou. Que a uva nem existia.<br /><br />O fracassado até pode evitar o não-sabor da uva, engavetando essas considerações, ao invés de emoldurá-las na alma. O que ele não pode é desconhecer essa verdade. O que ele não pode é negar fé ao documento.<br /><br />Ao fracassado convém transcender a luta, psicanalizar a uva. Ao fracassado convém achar que o fracasso é ilusório, por mais que a vitória do outro seja real e (hum...) uma delícia!<br /><br />Ao escritor de livro de auto-ajuda convém vender ao fracassado. Escritor de livro de auto-ajuda adora dizer que a uva não é tudo, que existe pêra, maça, amora, banana-nanica, banana-sofisma. Se bobear, tenta inclusive emplacar que o vencedor foi quem ficou com o abacaxi. Filosofia barata se compra a quilo, mas a verdade é que a uva não é uva, é metáfora, é a própria fruta. E que a fruta – que também não é fruta - poderia ser qualquer uma delas, mas acabou.<br /><br />Ao fracassado convém achar que a vida continua. E continua mesmo, a desgraçada. A uva é que não.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-81749586556516878422008-04-19T18:34:00.002-03:002009-04-27T00:58:12.641-03:00Sobre os que estão segurosSobre os que têm o que gostam<br />É dito que gostam do que têm.<br />Mentira pra dar a entender<br />Que escolheram os demais<br />O sentir que ficaram sem.<br /><br />Sobre os que pisam com graça,<br />Que em si levam belo caminho.<br />Mentira pra dar a entender<br />Que falta melodia ao pé<br />De quem dança ao som do espinho.<br /><br />Sobre os que se levantaram,<br />Que caíram de igual estatura.<br />Mentira pra dar a entender<br />Que falta vontade a quem geme,<br />E não, aos primeiros, altura.<br /><br />Sobre os preferidos<br />Que o foram por vencer a dor.<br />Mentira pra dar a entender<br />Que conheceram a dor que faria<br />Gemer a qualquer vencedor.<br /><br />Sobre os que estão seguros,<br />Que fizeram do mundo sua casa.<br />Mentira pra dar a entender<br />Que falta teto por dentro a quem<br />Tem um dentro que o fora arrasa.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-80647602572953972532007-11-30T03:59:00.001-02:002009-04-27T00:56:47.623-03:00ÁcidoPor que eu não senti do seu lado a raiva que eu sinto agora, quando eu podia gritar que eu não precisava passar por isso de novo, que eu não suporto te ver encaixada no maldito clichê da menina que SEMPRE acha que vai ser melhor assim? Por que eu não senti na hora o que eu estou sentindo agora, essa necessidade infernal de berrar essa mágoa imensa de ver o que podia ter mudado isso se tornar uma reafirmação do mesmo? Por que? Por que você me tirou de onde eu estava, por que acordar essas coisas? Só pra negá-las? Você sente? Por um maldito segundo sequer você esteve comigo nisso ou eu não passei de um palhaço o tempo todo?? Eu não quero ser seu amigo, não quero que você me ligue quando tiver brigado com o namorado! Não quero ser a sua gueixa, não quero ser a sua puta!! Não, eu não fico lisonjeado de ser o “príncipe”, o “inspirador”, esses consolos ridículos pra não ter sido algo REAL!! Não quero ser o complemento pra quando você achar que está tudo errado, se no dia seguinte você vai dizer pra si mesma que “pirou”! Eu não quero ser o cara que você chamou quando você “pirou”! Eu quero ser o cara que a sua RAZÃO diz que é o certo! Eu quero sim, que você fique comigo! Quero te beijar em público, quero chegar aos lugares segurando a sua mão, quero poder te levar pra cama sem estar ferindo a mim ou à outras pessoas. E sem a humilhante suspeita de que isso foi concedido por outro. Sem você se preocupar no outro dia por ter cometido o erro de me machucar mais por ter se deixado levar por um impulso agora irreal e romântico!<br /><br />Tenho ÓDIO de ter voltado pra esse lugar de solidão, de dor, de humilhação! Esse inferno de privação de carinho, de companhia e de sexo! Tudo que eu já conhecia! Tudo que eu passei a minha maldita adolescência provando enquanto imbecis gozavam dentro de mulheres sempre tão elogiosas da minha sensibilidade e talento!<br /><br />Houve noites em que eu precisei demais, precisei de verdade conversar com alguém, mas não pude contar com você porque você passou a ser o clichê da menina que precisa afastar o carinha inconveniente que não quer entender. Mas eu precisava MESMO conversar com alguém. Porra, onde estava a pessoa que me disse que só eu entendia, a pessoa que disse que éramos feitos da mesma matéria, a pessoa que eu achei que entenderia, que não pode ser a mesma que me disse ironicamente que me tinha pena e que “isso acontece todo dia”?<br /><br />Não gosto que você me diga com frieza que quer que eu namore e seja feliz! Eu quero que você não queira me ver com outra! Não quero ser parte de um sistema onde cada um tem um papel, onde de cada um você só pede o que você acha que pode te oferecer! Principalmente se o meu papel é curto, é escasso, é raro! Não quero esse papel porque eu continuo a existir quando se desfaz o raro e instável “universo paralelo”, continuo existindo e precisando DESESPERADAMENTE de afeto, inteligência, estabilidade, amor, realidade e sexo! Eu quero me sentir completo e estável na situação! Isso é o certo! Eu não me propus NUNCA a sentir o gostinho do errado, eu não me propus a tornar as coisas relativas a uma circunstância apenas. Eu me propus a viver o certo ainda que em outra parte e o certo é eu não precisar mais passar por esse INFERNO de dor e solidão! Não vou aceitar a noção estúpida, esse conservadorismo que se vende moderno, essa idéia odiosa de que deve haver algo seguro e algo que satisfaça o resto, com hora marcada, não pra ameaçar, mas pra reforçar a segurança! Pra que alguém quer algo assim?<br /><br />Não me diga que você está apaixonada por mim, mas não quer viver isso! Isso simplesmente não existe!! Quem gosta, quem sente isso, não agüenta optar por não viver isso! Eu passei por todas as situações onde tive interesse prévio sem poder vivê-las, eu jamais teria aberto mão delas! Não se eu pudesse tê-las vivido! Isso definitivamente não existe! Mas se esse sentimento é algo que pode ser controlado, eu não o quero porque não é. Se é um devaneio de quando você “pira”, eu não o quero. Se for só isso, é algo que me humilha. Se eu posso ler um poema com você, mas não posso fazer compras com você, isso me humilha. Se eu não sou “o de verdade”, isso me humilha! Eu preciso de uma vida junto, não de uma noite bela. Eu preciso de uma vida junto com quem eu possa ter uma noite bela. E duas. E três. E sempre! E eu não precisava passar por essa dor odiosa, essa dor que me enoja, essa dor insuportável de novo! MERDA!<br /><br /><br /> (2006)R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-18508354283189315322007-11-30T03:43:00.000-02:002009-04-27T00:56:47.623-03:00Monóxido de CarbonoNão me bata na cara falando das possibilidades que eu ainda tenho, apesar de você. Só eu sei o dano que isso me fez, por ser tão exato. Exato como o fio fino como sintonia fina do estilete, como afinidade. Tão cínico, como sempre, o discurso do que ainda pode! Cínico e conveniente! Pois não pode! Não posso!<br /><br />Não posso porque você foi uma antítese que surgiu apenas pra confirmar a tese, golpe consistindo em ataque e contra-ataque, na verdade um só movimento magistral da dor, dizendo "eu não sou o prólogo da felicidade". Um instrumento feito sob medida pra tirar de mim o que construí sobre o que não tive, pra faltar mais perfeitamente. E pensar que a tentativa de se negar ao que pode vir é apenas uma das primeiras etapas do processo de voltar ao mesmo. E por isso eu digo que não pode e aí talvez eu finalmente te entenda. Te entenda até você dizer, só agora, que pode, mas não era a hora. E pressentir nisso uma facada envenenada de não era eu. Você tinha razão. Fiquei com raiva disso.<br /><br />A arte, você diz. Por que me sinto ludibriado? Tão belas coisas. Tão belas as coisas que eu posso vir a produzir elaborando mais essa. As pessoas me dizendo do quão lindamente eu soube afirmar com arte a inviabilidade da vida, enquanto vivem, outros detentos do planeta-prisão, a viabilidade de bem menos da metade do que devia ser. Você vai me admirar e respeitar. E eu vou me consolar com isso quando sozinho no quarto, sem saber o que fazer de mim, encontrando novas dores em palavras que você já esqueceu, sem saber o que fazer dela, me pedindo conversa comigo. Tão belas perdas pra compor minha personalidade interessante e encontrar pessoas tão interessantes pra se tornarem perdas ainda mais ricas. E produzir coisas ainda mais belas.<br /><br />(...)<br /><br />Por isso entenda: eu não escrevo pela arte, eu não desenho pela arte. Eu não ouço música só pela arte. Eu escrevo pra tentar registrar e transmitir a minha experiência, pra você entender, pra me fazer consciente e conscientizar. Eu escrevo pra alguém no mundo concreto e posso dizer sem vieses literários o seguinte: a arte que se foda. Como o padre Vieira, quero que olhem para a lua que aponto, não para o meu dedo. Eu não quero sublimar coisa alguma, não quero fazer terapia, quero romper com este jogo. Não quero elaborar a falta, nem yungueanamente me individuar, não quero crescer para perdas ainda maiores, para um dia rir disto e com o riso tirar o sentido de tudo, inclusive, sem o saber, do que então for, como quem quebra as paredes sem perceber que o chão também se foi.<br /><br />(...)<br /><br />Não quero sublimar, não quero crescer, embora crescendo e sublimando outras coisas tenha me tornado quem sou, quem se aproximou de você de uma forma tão específica. Porque crescendo e sublimando agora sou chamado a crescer e sublimar e começo a me perguntar se a arquitetura do inferno não segue um padrão espiral, centrado no vazio. E se eu cortar a espiral com uma reta, talvez veja que estamos no mesmo ponto, mas você num giro além. Você nasceu num giro além. Eu dizia que a vida humana era sem esperança, tirando esperança disso por te ver concordando – minha querida, minha única – concordando no ponto em que os outros se fariam peças de um sistema de clichês otimistas pra me aprisionar e se defender, esquecido tolamente de dar ouvidos ao que eu mesmo dizia: a vida humana é sem esperança. Esquecido tolamente também de que você concordava sem esperança com o que eu dizia. Bom, foi você quem disse que a identificação era mútua. Não quero sublimar, não quero crescer, porque crescendo e sublimando outras coisas foi que me tornei quem sou, quem perdeu você de uma forma tão específica.<br /><br />(...)<br /><br />De uma outra vez, casualmente, eu falei do cachorro que, sempre chutado, mordia agora, por ato reflexo, quem o afagava. "Metáforas" - você disse, sabendo que isso tinha endereço - "eu sei que você me odeia".<br /><br />Verdade. Com toda a antimatéria do que poderia ter sido, do que foi. Com a qualidade única de cada tom das canções com que trilhamos o episódio, tornadas agora chaves sonoras para infernos muito particulares. Com um pavor religioso da repetição do roteiro imbecil do carinha que sofre e da menina que sempre diz vai ser melhor assim. Com a sensação de estar de volta a uma Belo Horizonte onde já andei a esmo, fazendo perguntas raivosas e tardias, em silêncio. Com a náusea da consciência de existir. Com a perplexidade de um feto um segundo antes do aborto. Com orgulho ferido. Com insegurança. Com saudade. Com amor.<br /><br />(...)<br /><br />Não me peça pra voltarmos a ser o que nunca fomos. A outros você dirá que tivemos uma história muito complicada, mas que hoje eu já tenho isto mais bem resolvido. Coitado. Pastou. E eles te ouvirão, quem sabe pensando que são, eles mesmos, novidades na sua vida.<br /><br />Quanta raiva em pensar que posso impulsivamente aparecer na sua casa, quando algo me diz que eu deveria me negar a um papel menor e sabotar o sistema que te dá força para nos impossibilitar enquanto mais que amigos e imaginar que você vai me abraçar e perceber os meus tremores e se solidarizar com o momento que estou passando e dizer a si mesma eu o quero bem espero que supere isto logo. Quanta raiva em pensar que em não conseguindo me afastar sou parte do oxigênio eventual que te ajuda a permanecer dentro da cúpula que te afasta. E que afastado sou monóxido de carbono para os meus próprios pulmões.<br /><br />Não me diga que sou viável ainda, com outra. Não faça isso. Não me mostre o quanto é fácil pra você, porque não te creio altruísta o bastante pra me desejar bem em outra parte sem que isto signifique que na verdade não te faço o tipo de falta que eu queria fazer.<br /><br />(...)<br /><br />Não quero me individuar, querida. Não quero sublimar ou faltar. Não quero evoluir. Quero te beijar e dizer nem as trevas podem vencer sempre. Nem as minhas, talvez nem mesmo as suas.<br /><br /><br />(2005)R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-60760964499325485352007-11-30T03:33:00.000-02:002009-04-27T00:56:47.623-03:00ChumboMinha leitura do que aconteceu ainda é muito caótica. Odeio, sinto saudades. Quero perdoar, quero estapear. Fui único, fui mais um. Fui, ainda sou. Você é fraca, você manipula. Você pensa em mim, você sente prazer em saber que eu penso em você. Sou importante, sou um chato. Sei viver a vida prática, sou mais um tipinho pra você colecionar. Eu errei, você viu a tempo. Eu estava certo, você teve medo. Eu sou o menino do espaço, você minha conterrânea. Eu sou déspota, você pomba-gira. Eu sinto sua falta, eu sinto falta da menininha. Eu sinto falta da renda preta, eu sinto falta do broche de florzinha. Não sei. Eu monto e remonto as coisas. O que houve? Qual é a melhor reação? Qual é o tom correto a empregar? O caleidoscópio gira.<br /><br />Eu me identificava, eu entendia, eu queria e gostava de estar junto. Você se encaixou em muitos espaços. Um dia você disse eu também. Simples assim. Por que não? Aconteceu. Foi a primeira e ultima vez que te vi dizer “estou tão feliz”. E de repente, sou demais, sou de menos. Sou qualquer coisa que não pode. Sou o “bom de conversar”. Porque “isso na vida a dois não dá certo”, mas “aí vai lá e trepa, satisfaz”.<br /><br />Você nunca se incomodou com a idéia de que quanto éramos estava sendo rebaixado diante de um outro discurso? E você nos rebaixava dizendo “isso aconteceu porque – nós dois – temos a necessidade do romântico”. Eu não. Não de uma forma tão predisposta a ilusões e projeções como sugerido aí, tão dentro de um molde, tão inferiorizada diante do “morno, mas real”.<br /><br /><i>But i will fight the distance between us</i>*. Eu não estava disposto a abrir mão com facilidade. Mas é o tipo da coisa que não se ganha sozinho e você desertou. Eu lutava por e contra você, por – e talvez - contra eu mesmo. Sentia que havia algo em você que eu precisava vencer, uma resistência. Admita que eventualmente você parecia acenar por trás disso, me encorajando. Coisas que você dizia. E depois ficava a impressão raivosa de que você é alguém controlando as suas próprias flutuações, que havia algo lúcido por trás das marés. Como eu era “uma das coisas que aparecem quando algo está dando muito errado” e depois “eu te avisei”? A “malícia de toda mulher” é tudo o que eu não esperava e não queria em você. Mas onde tinha ido parar aquele “nós”?? E você aparecia leve, aparecia acompanhada. E ela também. Quanto ódio! Ah, eu precisava sim! Saber como assim, saber se ainda. Achar o nós. Aquele, lembra? Mas se não tinha um lá fora, pra que diabos abriu-se a janela?<br /><br />Estou te entregando com esta umas outras. Coisas que escrevi ao longo desse ano e meio. Não encare como mera arte, ok? Sabe que isso me ofende. Gostaria mesmo – se você quiser – de ler as coisas das quais você me falava.<br /><br />Pois é. Mais uma historinha? Mais uma carta pra guardar? O carinha que sofre e a menina que sempre acha que vai ser melhor assim, de novo?? É isso que me mata! Podíamos ter sido um meio-termo. Simplicidade sem superficialidade. Profundidade sem loucura. Sem Werther e sem Alberto. Simplesmente a afinidade tendo a liberdade.<br /><br />Espero mesmo que admitir afeto e rancor não me faça parecer inferior e dominado aos seus olhos. Seria um erro encarar assim. Saudades de você e de ficarmos juntos, das minhas mãos nos seus cabelos.<br /><br />Um beijo de olhos abertos da sua alma-afim.<br /><br /><br /><br />*My Dying Bride<br /><br />(2005)R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-35446599106786427402007-11-30T03:23:00.000-02:002009-04-27T00:56:47.623-03:00ÁlcoolTenho vontade de pegar uma gillette e anotar o que você me disse sobre as nossas imensas diferenças. E escrever umas linhas sobre as coisas caminharem assim, esse estranho fatalismo das coisas que dão errado. Eu nunca quis que você me acompanhasse até estes lugares. Se você quer saber eu mesmo não estava lá. Eu pensava em você o tempo todo quando estava com eles. E pensava se você pensava em mim. E não importa o que pareça quando eu, vencido pelo menino, te chamo pra conversar. Eu nunca te pedi pra parar de comer carne, nunca pedi pra você visitar minha família, nunca te pedi pra usar aliança. Nunca sugeri nada sobre os seus hábitos. E pensar naquela ocasião em que você foi solidária comigo diante de uma piada do dono do bar. Sou capaz de sorrir de olhos úmidos me lembrando. Não que o comentário tenha sido tão incômodo, mas porque você pareceu ter ficado incomodada e pareceu que uma linha feita de afinidade cruzava as outras sobre a mesa. Eu me lembro das mesas com as garrafas vazias, do meu copo que permanecia vazio e ocioso e das conversas que tínhamos, nós dois, "tão diferentes um do outro", e que nunca eram, como outras, vazias e ociosas. Eu via até certa beleza nisso.<br /><br />Querida, quanto valor em te ouvir dizer que se sente a vontade comigo, quanta beleza estranha a este mundo. Não quero crer que os momentos que redimem a existência são só mais uma piada que ela nos prepara.<br /><br />(...)<br /><br />Dói como se estivéssemos obrigando as coisas a darem errado, seguindo algum roteiro idiota sobre tudo mudar, as tragédias intrínsecas da vida e o carinha que sofre e os mal-entendidos.<br /><br />Fui feliz enquanto os pontos negros foram se esclarecendo. Trouxe outros tantos da nossa última conversa e espero que se esclareçam também. Passam por você algumas das melhores memórias da minha vida. Eu te amo.<br /><br /><br /> (2005)R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-771108709154303822007-11-30T03:09:00.000-02:002009-04-27T00:56:47.623-03:00EnxofreRebaixar-nos a carentes românticos, impregnados de mídia. Então, vejamos. Foi como um disco. Belas e falsas coisas que você se permite no intervalo do seu pragmatismo. O parêntesis. Como mostrar-lhe o que ouvir isso de você me fez? Pedindo-te que suponha que alguem querido lhe diz, vejamos... que você "precisa de um homem que lhe coloque cabresto e que no final, fera domada, lhe serás grata". Dizendo que "toda a sua vida é uma fraude". Dizendo que "todos os seus livros nada mais fizeram que tornar-te uma idiota". Acrescente algo. Imagine que quem lhe diz tais coisas não é alguém de antemão desprezível, nascido do outro lado. Imagine que é um dos seus. Imagine mais, que é <strong>o</strong>. Que ele lhe diga que a Terra é chata sim, que foi feita em sete dias, que viemos do barro, que pro casamento durar tem que ser com um peão. Que nós darwinistas arrogantes e presunçosos temos muito que aprender. Então vou ao inferno em busca de luz pra ouvir de Lúcifer não apenas que Deus está certo, mas que é católico apostólico romano...<br /><br />Não vou prosseguir assim, que vai ficar parecendo arte e o que eu tenho pra dizer é simples como o que eu sinto. Você conseguiu. Chamar-nos "românticos" mudou o passado. Malditos moldes! Não foi em atenção a uma mal polida aresta de fantasia que deixei que acontecesse. Case-se com este a quem chamou de "peão", mas não me ligue pra se queixar, que não sou bispo resguardando a torre quando ela estiver ameaçada. Quando você quiser profundidade sem loucura e simplicidade sem superficialidade me procure.<br /><br />(...)<br /><br />Não me diga que é mais essa coisinha menos, esse jardim cheio de placas, avisos e grades, com hora pra visitação e distância estabelecida. Partir o que sente e delegar funções às pessoas à sua volta, administrando. Desculpe, querida, não aceito mais o outro lado da mesa. Não caibo ali. Dói, será que você não entende? Pra você é fácil a esse ponto? Desculpe, não vai dar. É que foram muitas vezes e é sempre assim. E depois, não dá pra acreditar mesmo. <strong>Eu sei que ainda posso te ver lado a lado com a contradição explicita de todo o discurso com que você nos impossibilitou</strong>. Não sei se consigo não odiar, se isso acontecer. Não, eu sei. Eu <strong>vou</strong> te odiar.<br /><br /><br />(2005)R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-52684937191700976612007-11-30T03:00:00.001-02:002009-04-27T00:56:47.623-03:00Há apenas o que lamentarHá apenas o que lamentar. Seu afastamento me leva uma parte da vida. O que resta é odioso, menor. Eu observo silencioso essa raiva imensa dentro de mim, como um rio de lava. Ela forma rochedos de ódio calado, que passam a fazer parte das minhas paisagens. Viver é perder e há quem glória queira ver em assim, como um tolo, padecer. Parece uma busca desesperada de que faça sentido e para tanto essa busca exige que tudo que é desejo de beleza e ordem passe a ser chamado de orgulho. Querem ver Deus em tudo, apenas porque é tudo que vêem e precisam acreditar que ele está lá. Esperam que eu me faça outro, que abra mão. Feridas inconsoláveis, que vão sangrar pra sempre. Viver é um longo pesadelo. Nunca mais eu vou ter a esperança de ser feliz.<br /><br />Sou tanto, sendo apenas mais um.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-68160875558224298422007-11-02T17:51:00.000-02:002009-04-27T00:58:12.641-03:00Canção que o Nelson teria cantado<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJN8CJWdZBjYqnFFx7ScDv5vw71knBsCsjxRMmPt2Mhd1wmbDuifsx3RS48qdbmRMVdMWMncwSFcrvEU_KTzZ9oO1kKwi8N2EFvNOMkgJlbl-r8wsGP_el_Ib8pi4xuQDKcmLO9A/s1600-h/Nelson+Gol%C3%A7alves.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5128333168204652338" style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJN8CJWdZBjYqnFFx7ScDv5vw71knBsCsjxRMmPt2Mhd1wmbDuifsx3RS48qdbmRMVdMWMncwSFcrvEU_KTzZ9oO1kKwi8N2EFvNOMkgJlbl-r8wsGP_el_Ib8pi4xuQDKcmLO9A/s400/Nelson+Gol%C3%A7alves.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div></div><div>E eu fico refém de nada dizer<br />Pra ninguém pensar<br />Que estou muito magoado<br />E querendo manchar<br />Sua reputação.<br />E eu fico refém de nada dizer<br />Pra não me encaixar<br />Na fôrma daquele cara<br />De quem você fala<br />Em mesa de bar<br />Contando a história da perseguição<br />De uma criança contrariada<br />Que ficou atrás da pobre coitada<br />Que nunca fez nada<br />Pra cativar<br />Tão sombria obsessão.<br />E eu imagino o olhar<br />Da gente indignada,<br />Do amigo e da namorada,<br />Do teu novo protetor<br />Ouvindo que eu te persigo<br />Que tenho o orgulho ferido<br />E inventei que é amor.<br />E eu fico refém de nada fazer<br />E fico a morrer pra não assinar<br />A confissão que você redigiu<br />Pra me fechar nessa sacanagem,<br />Me enterrar nesse personagem.<br />E eu fico refém de evitar<br />Que isso te envaideça,<br />Mas o refém é o cara<br />Com uma arma na cabeça. </div>R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-53370033130100262202007-11-01T03:13:00.001-02:002009-04-27T00:58:12.641-03:00XícaraCabe numa xícara de café<br />Toda a razão pra eu me por<br />De pé.<br />E quando cessa por inteiro<br />Todo seu breve sabor e cheiro<br />Se derrama pra dentro da xícara<br />O veneno que me põe de volta<br />Na cama.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-5608290898526039952007-03-20T00:22:00.000-03:002009-04-27T00:58:12.641-03:00Peço Passagem<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs6-1ahpMnfo3YSbU-qwUz2w7g36Q6uM4B8alHWsYT3TnyrEBBXxl05l1ZR-6etIpW6gF1jkOCdwd8oTYd_P3TngwPvYc00Os-Zi5ASkNTzCMdIirFqGzRA1xx4-8kgDp4zsg3Aw/s1600-h/pe%C3%A7o+passagem.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5127710007104708370" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: left" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs6-1ahpMnfo3YSbU-qwUz2w7g36Q6uM4B8alHWsYT3TnyrEBBXxl05l1ZR-6etIpW6gF1jkOCdwd8oTYd_P3TngwPvYc00Os-Zi5ASkNTzCMdIirFqGzRA1xx4-8kgDp4zsg3Aw/s400/pe%C3%A7o+passagem.jpg" border="0" /></a><br /><div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizfwx7g_smtQZR3pDkaKhv7vHDopbrf-wNlc44lE_61-0CqNnouVepwiLm9rKub5aJ9dop0oWmjPG9Dzlvg5HswEj7fmHbzrKUKYBou41KxKbe3lgxxC0Kbz7lTDqJbAkDKWNdAA/s1600-h/pe%C3%A7o+passagem.jpg"></a><br />Se de rastejar a lagarta se cansa<br />Eu de pensar e de sentir virei casulo<br />Peço passagem a outro plano<br />Que é nulo todo este rastejar<br />Do ser humano<br />Andar é pesar e ao respirar<br />Sorvemos sempre algum veneno<br />Existir tampouco é inofensivo<br />Seu principio ativo já começa a corroer<br />O mecanismo do teatro do viver<br /><br />Chega com essa farsa<br />Perdeu a graça ser humano<br /><br />É asa o que no verme é padecer<br />Destes pés, de seu peso e caminhar<br />Peço passagem ao plano do ar<br />Que já não acho natural<br />O andar que é ser lagarta e doer<br />Ou o faltar que dizem parte do ser<br />Nego a norma de ser normal<br />O mal que é norma do viver<br />E sinto mais mal na norma<br />Que normalidade em sentir mal<br /><br />Chega com essa farsa<br />Perdeu a graça ser humano<br /><br />O ranger da engrenagem<br />Do esforço que faço existindo<br />É o ruído do mundo rindo<br />Traço de veneno no trago sorvido<br />De suco de sede.<br /><br />Chega com essa farsa<br />Perdeu a graça ser humano</div>R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-1165041159992799272006-12-02T04:27:00.000-02:002009-04-27T00:58:12.642-03:00Em verdade vos digoPela lente desfocada<br />Da minha fraca mediunidade<br />Adivinhei brancas, de luz,<br />Duas entidades<br />Que ao meu leito vieram<br />Numa dessas noites<br />Que passei pregado<br />À mágoa - minha cruz<br />Por caridade,<br />Falar do amor<br />Do seu mestre Jesus<br />Amigos, pensei,<br />Com todo o respeito que devo<br />Às vossas alvas túnicas<br />Quero lembrá-los que se hoje<br />Vos falo cínico, crasso<br />Foi muito a contragosto<br />Que desci um dia, do espaço<br />Mas, enfim, já que existo<br />- coisa dolorosa! –<br />Esqueçam a pena, esqueçam Cristo<br />E me tragam Madalena<br />Não vês que é tanto vinagre<br />Engolido sozinho<br />Que outra noite tentei<br />Aquele milagre mundano<br />Transformar a mágoa<br />Em vinho?<br />Em verdade, amigos,<br />Em verdade vos digo<br />Não é carne sem verbo<br />O amor que persigo<br />Nem verbo sem corpo<br />De apenas amigos<br />Compartilhando a beleza<br />De rigorosamente nada<br />Não é harpa de Nero<br />Nem coroa de espinhos!<br />Mas é verbo feito carne<br />Equilíbrio de extremos<br />No meio do caminhoR. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-1162419659342916422006-11-01T19:02:00.000-03:002009-04-27T00:56:47.623-03:00Oito notas misóginas1- Eu penso nela. Linda. Idealista. Se o rosto dela fosse compartilhado por toda a humanidade, eu partilharia das idéias que ela que tem. Mas somos feios em nossa maioria. Que algum fascismo nos guie o mais assepticamente possível até o fim, sem ruídos. Que as multidões não sejam guiadas por palavras de ordem, mas por um silêncio mortal.<br /><br />2- Eu não vou disputar os favores e as preferências das fêmeas. Julgava ganha-las sondando-lhes a alma e lhes ofertando a minha inteligência, quando as perdia exatamente pos isso, passando a assumir não sei que indigno papel no imaginário feminino, esquecido que o feminismo é apenas um colar bonito que tiram quando se deitam com o dono do carro. O espaço que eu procurava, esse coube sempre ao imbecil que melhor lhes lembrasse um pai simplório deitado no sofá num domingo de merda, que melhor lhes cheirasse a tudo quanto diziam desprezar. E não importa se é o Faustão que assistem ou se assistem um clipe.<br /><br />3- Eu não vou me prestar ao jogo da sedução, não vou me ferir e me humilhar de novo participando desse teatro, dessa peça onde todos se pretendem reis e vilões, e que frequentemente é uma comédia encenada por bobos para o prazer de uma boceta que se dá mais valor do que realmente tem.<br /><br />4- Eu sei que ela trabalhou de forma a fazer com que nos odiássemos, com que nos batêssemos como alces de algum documentário, alimentando seu ego com a luta onde eu dava meu sangue e o melhor da minha alma e ela apenas tomava, intimamente extasiada.<br /><br />5- Seja homem, dizem. Seja forte. Pra carregar as malas de quem?<br /><br />6- A fêmea assiste lisonjeada enquanto os machos se batem às cabeçadas, medindo o tamanho dos cornos. Nisso consiste o jogo da sedução. Não quero ser a verde campina, quero ser a paisagem incinerada. Queria ser velho e estar morrendo.<br /><br />7- Eu quis me aproximar da menina, mas desisti com medo daquela imagem do cara invasivo, inconveniente. Depois a vi conversando alguma bobagem aos risos com um cara invasivo.<br /><br />Poucas coisas na vida me fazem sentir tanto ódio.<br /><br />8- Encontrei o pessoal da banda sentado num café na Savassi. Puxei uma cadeira e conversamos. Rimos muito evocando aquele tipo social que costuma lamentar a própria sensibilidade, dizendo que gostaria de ser como as outras pessoas, que sentem menos. Depois formulamos conclusões machistas, rindo às gargalhadas.<br /><br />Foi uma das conversas mais tristes que eu já tive.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-1162359319923520732006-11-01T02:31:00.002-03:002009-04-27T00:58:12.642-03:00Eixo do mal<a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5901/682/1600/umbra.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/5901/682/320/umbra.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br /><br />Pense em mim <br />Como uma nação emergente<br />A construir paciente <br />A sua bomba, <br />Enquanto paga os juros<br />Das suas juras <br />De botequim.<br /><br />Pense em mim.<br />No contrato rompido<br />E nessa dívida eterna.<br />Pense em mim<br />E na linha vermelha<br />Da relação comercial,<br />Pesada na balança <br />Daquela que, de tão equilibrada,<br />Parece cega, mas traz a espada<br />Na outra mão.<br /><br />Pense em mim,<br />No telefone que não toca,<br />Declarando a moratória<br />Das palavras empenhadas,<br />Moedas sem lastro<br />Da sua oratória.<br /><br />Pense em mim <br />Como uma nação emergente<br />A construir paciente <br />A sua bomba, <br />Enquanto paga os juros<br />Das suas juras <br />De botequim.<br /><br />Pense em mim,<br />Nesse teu carteado<br />E na carta invertida,<br />Arcano menor a revelar<br />Mulher ruim<br />Na minha vida.<br /><br />Pense em mim,<br />Que vou chegando<br />À fissura do átomo,<br />Ao eixo do mal.<br />E se é bilateral,<br />Não histeria, demagogia, <br />Discurso golpista<br />Com ambição imperial,<br />Levanta logo essas sanções<br />Embargando os nossos corações<br />Que eu quero já a nova ordem.<br /><br />Pense em mim <br />Como uma nação emergente<br />A construir paciente <br />A sua bomba, <br />Enquanto paga os juros<br />Das suas juras <br />De botequim.<br /><br />Pense nessa poesia.<br />Vai aí diplomacia<br />E amostra enriquecida do minério<br />No verso a te avisar<br />Da explosão que vai mostrar<br />O perigo de manipular<br />Elemento assim tão sério.<br />Pense em mim.<br />Um beijo, meu amor, <br />Da sua alma a-fim.<br /><br />Mas pense em mim <br />Como uma nação emergente<br />A construir paciente <br />A sua bomba, <br />Enquanto paga os juros<br />Das suas juras <br />De botequim.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-1151218599648072492006-06-25T03:54:00.000-03:002009-04-27T00:56:47.624-03:00O caminhante, o caminho e o caminhar<a href="http://photos1.blogger.com/blogger/5901/682/1600/penumbra.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://photos1.blogger.com/blogger/5901/682/320/penumbra.jpg" border="0" /></a><br />Você está olhando pra coisa errada. Minha dor é maior que perder a namorada, minha dor é me deparar com o nada. Minha dor é maior que estar sozinho, minha dor é o caminhante e o próprio caminho, é o caminhar. É maior que o sentimento, que a consciência do sofrimento. Não é só algo em mim que se ressente, minha dor é quem me sente. Minha dor não está só na crueldade do que você me diz, está no absurdo de relevar e estar feliz. E se por hora a cativo com uma melodia como quem encanta uma fera, sei que quando ela perceber os limites dessa cela seus dentes de afiada raiva vão mastigar e cuspir de novo a minha alma.<br /><br />Continuar é ser feito de piada, rir é ser reduzido a nada. Qual é o sentido de vencer, se sempre haverá algo mais a superar, qual o sentido de viver, se viver é esperar e esperar pelo quê? Como carregar o vazio depois que eu deixar pra trás o fardo, se a carga são os caminhos passados, se caminhar é voltar ao que eu tenho que deixar?R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-1141254328670427332006-03-01T19:58:00.000-03:002009-04-27T00:56:47.624-03:00Lei Orgânica dos Relacionamentos<span style="font-family:courier new;font-size:85%;">(Simples!! Fácil! Só a matéria do concurso!)<br /><br /><br /><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://www.matrizbh.com.br/marselha04.jpg" border="0" /><br /><br /><strong>Dos Princípios Fundamentais:</strong><br /><br />O poder executivo sanciona o disposto nesta Lei Orgânica, pela qual faz saber, para todos os efeitos, aos particulares interessados em contratar com esta administração relação de amizade, relação erotizada, inimizade erotizada ou não, rivalidade decorrente de conflito ideológico e/ou conflito de interesse envolvendo objeto de afeto correspondido ou não, bem como conversação e outras formas de relacionamento suscetíveis ou não de gerar situação de direito precário ou adquirido junto à administração, incluídas as decorrentes de parentesco sanguíneo, o seguinte:<br /><br /><strong>Art. 1°</strong> A verdade é absoluta.<br /><br />§ 1° A afirmação, pela lei, de que a verdade é absoluta, não implica na crença, por esta administração, de estar na posse da mesma.<br /><br />§ 2° Tipificam lugar-comum, clichê, bordão e/ou jargão as seguintes orações, feitas isoladamente ou em conjunto:<br /><br /><br /></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) “Você se acha o dono da verdade”,<br />b) “Por que você não se muda pra tua amada Cuba?”<br />c) “É você quem sabe o que eu sinto, né?”<br />d) “A vida ainda vai te ensinar”<br />e) “O tempo cura tudo”<br />f) “Você não é o centro do universo”<br />g) “A fila anda”<br />h) “O que te falta é serviço”<br />i) “O que te falta é Jesus”<br />j) "É só no Brasil"<br />k) "Isso é inveja"<br />m) "Eu li na Veja"<br />n) “O que seria do bem sem o mal?”</span></blockquote><br /><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">§ 3° Também configuram lugar-comum, clichê, bordão e/ou jargão quaisquer enunciados que contenham a expressão "hoje em dia", referentes ou não à juventude e/ou à sociedade contemporânea, ou de sentido equivalente.<br /><br />§ 4° Em face do cometimento, por ocasião de conversação de natureza passional, política ou filosófica, por particular, ainda que o pessoal de cada um, de lugar-comum, clichê, bordão, jargão, ou de uma sentença da mesma espécie, ainda que a de cada cabeça, enunciada de boa-fé ou com propósito desonesto de atribuir à administração intenção, idéia e/ou sentimento diferentes daqueles guardados pela mesma, o administrador decidirá discricionariamente entre:<br /><br /><br /></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) encerrar a conversa unilateralmente<br />b) lançar mão de dispositivo defensivo (quando configurada situação de manipulação regulamentada em lei complementar)<br />c) recomendar ao de cujus a ida a logradouro consagrado pela linguagem popular, onde cabível,<br />d) educar o particular, quando cabível</span></blockquote><br /><span style="font-family:courier new;"><span style="font-size:85%;"><strong>Art. 2°. </strong>A limitação intelectual e/ou empática de particular não determina a chatisse, arrogância e prepotência desta administração, não importando a crença subjetiva do mesmo com relação a isto.<br /><br /><strong>Parágrafo único.</strong> A administração reconhece a possibilidade de estar sendo chata, consciente ou inconscientemente, e/ou inconscientemente arrogante e prepotente, não vinculando aos parâmetros de particular, ainda que de boa-fé, os critérios para medição das possibilidades mencionadas.<br /><br /><strong>Art. 3°</strong> Esta administração entende que, independentemente do que entenda, a representação da coisa não é a coisa.<br /><br />§ 1° Os mortos não sobrevivem na memória.<br />§ 2° Os vivos não vivem de memória, o que não implica em superação das mesmas, ou, como consagrado vulgarmente, em "bola pra frente" (vide art. 4°).<br />§ 3° O que é bom é bom, o que foi bom dói.<br /><br /><strong>Art. 4°</strong> Em harmonia com o disposto nos arts. 1°, 2°, 3° e 7° desta Lei Orgânica, a administração se dispõem a discutir religião e política, não constituindo assunto viável o desporto de natureza futebolística.<br /><br /><strong>Art. 5°</strong> Questionada sobre seu estado de espírito, a administração decidirá, discricionariamente, entre oferecer resposta sincera, ainda que a mesma não fosse sinceramente desejada, não importando o grau de mal-estar social e/ou desagrado suscitado, ou responder com discreto murmúrio acompanhado de aceno de cabeça.<br /><br /><strong>Art. 6°</strong> Esta administração abomina o vazio essencial da condição humana e tudo fará para preenchê-lo, não considerando remediadores satisfatórios do mesmo, porque insuficientes, temporários, desviantes ou ilusórios:<br /><br /><br /></span></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) o trabalho, aqui compreendido na sua função de provedor de mera subsistência,<br />b) a arte (vide art. 10, alínea s),<br />c) o mero entretenimento,<br />d) a psicanálise, quando propositiva de um inviável porque insuficiente "lidar" com o mencionado vazio, hipótese em que o assume como parte integrante da natureza humana e do universo,<br />e) os narcóticos de qualquer espécie, lícitos ou ilícitos,<br />f) o sexo, quando utilizado com função narcótica,<br />g) vetado<br />h) o desporto</span></blockquote><br /><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">§ 1° A sugestão do enumerado acima por particulares e/ou terceiros à guisa de remédio eficaz para o tormento afetivo e existencial da administração será interpretada como ação passível, de forma culposa ou dolosa, de diminuir e amesquinhar o drama humano.<br /><br /><strong>Art. 7°</strong> Ainda que em observando estritamente o disposto no art. 6°, a administração não afirmará como verdadeiras as premissas de natureza espiritualista, embora as assumindo como necessárias ao não exercício exclusivo do escapismo hedonista e/ou do suicídio, ainda que paulatino e inconsciente.<br /><br /><strong>Art. 8°</strong> Esta administração não considerará a vida como razão em si mesma para amar a vida.<br /><br /><em>(n.a.: falhou o legislador ao não acrescentar à redação deste artigo: "embora a vida possa bastar a si mesma, enquanto motivação, para manter, em caráter imperativo, as atividades da administração, ainda que de maneira precária e reconhecidamente transitória, para o que lançará mão de maneiras de fazer-se amar e defender pela administração").</em><br /><br /><strong>Da Relação Erotizada:</strong><br /><br /><strong>Art. 9°.</strong> A particular inteligente, sensível, e que guardar afinidades empáticas com a administração, sendo mulher e atraente (conceito a ser definido em regulamento sujeito a alterações de natureza discricionária), identificando-se com o disposto nos arts. 1°, 2°, 3°, 6º e 8° desta Lei Orgânica, fica avisada que é prerrogativa irrenunciável desta administração a tentativa de erotizar a relação, objetivando o estabelecimento de situação monógama e estável, de acordo com o princípio do poder-dever.<br /><br /><strong>Art. 10.</strong> À particular que se enquadrar no disposto no art. 9°, mas não desejar, sob qualquer alegação, contratar com esta administração relação erotizada, monógama e estável, fica expressamente vetado:<br /><br /><br /></span><blockquote><p><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) erotizar de forma instável a relação;<br />b) a afirmação de que o sentimento é mútuo;<br />c) o telefonema às 5:00h visando a colocar a administração a par de súbita e angustiante constatação subjetiva de que tudo está errado na vida da particular (com menção subentendida ou expressa a relacionamento afetivo e/ou sexual da mesma);<br />d) queixar-se junto a esta administração da falta de afinidade afetiva, mental e sexual no seu atual relacionamento, caso haja um, bem como fazer qualquer outra crítica dessa natureza ao seu companheiro (ou companheira, no caso de relação lésbica comprovadamente isenta de qualquer forma de modismo);<br />e) elogiar junto à esta administração as virtudes da amizade, ainda que a do companheiro(a), sugerindo a superioridade e a pureza da mesma em comparação com os relacionamentos sexualizados (exceção feita à celibatária em comprovado isolamento)<br />f) apertar a perna do administrador sob mesa alocada em estabelecimento público de natureza boêmia, mormente se acrescentando a este gesto a afirmação do desejo de tirar ao administrador a calça, com os dentes;<br />g) chutar o móvel supracitado, em qualquer estabelecimento e/ou circunstância, mormente em caso de demonstração, por esta administração, de angústia, ansiedade, confusão e/ou inadiável necessidade de auferir a realidade de situação afetiva junto à particular;<br />h) afirmar ao arrepio da verdade que a presença da administração no móvel supracitado, em qualquer lugar e/ou circunstância, era, a priori, manifestamente indesejada;<br />i) afirmar categoricamente tratar-se esta administração de uma daquelas coisas que aconteceram na sua vida para acertar o rumo de algo que estava indo muito errado (vide alínea c);<br />j) beijar o administrador;<br />k) Comunicar a esta administração o desejo de "fazer amor" junto a esta instância, ou ainda, segundo expressão consagrada em direito, "dar muito";<br />l) assumir junto à administração comportamento inequivocamente encantador;<br />m) adotar junto à administração tom confessional suscetível de conseguir da mesma confiança ou sugerir de maneira subentendida a plena confiança nesta administração (vide alíneas u, v e z para maiores esclarecimentos);<br />n) oferecer ao administrador substâncias ilícitas, à guisa de satisfação de curiosidade (mormente pela via oral, comportamento que caracteriza a infração descrita na alínea j);<br />o) alegar falta de coragem para o estabelecimento junto a esta administração de relação erotizada, monógama e duradoura em circunstâncias diversas daquelas definidas na alínea d, alegação assimilada pela administração como afirmação subentendida do desejo de o fazer;<br />p) afirmar o desejo de ver a administração em exercício pleno de bem sucedido contrato de relação erotizada, monógama e duradoura junto à outra mulher, sob qualquer alegação, afirmação assimilada pela administração como manifestação de indiferença e/ou frieza, conflitantes com os comportamentos descritos nas alíneas a, b, c, d, f, i, j, l, m, n, o, u, e w do presente artigo e, portanto, agravante do potencial danoso e destrutivo dos mesmos;<br />q) Fornecer esperança à administração, culposa ou dolosamente (vide art. 16);<br />r) afirmar que tudo vai ficar bem ou o desejo de que assim seja, ao arrepio de qualquer noção de bom senso, afirmação que a administração se reserva ao poder discricionário de caracterizar como ironia, descrita na Lei Complementar da Perversidade e sujeita às mesmas penalidades descritas no art. 13;<br />s) Sugerir a arte como meio eficaz de depuração dos sentimentos citados na alínea g e no art. 13, alíneas a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, u e v, sugestão que a administração se reserva ao poder discricionário de caracterizar como ironia, descrita na Lei Complementar da Perversidade e sujeita às mesmas penalidades descritas no art. 13;<br />t) vetado;<br />u) afirmar que esta administração é a única instância realmente capaz de lhe compreender as dores, angústias, receios e, em última análise, a alma;<br />v) a afirmação, pela particular, do descrito na alínea u, na presença desta administração ou em sua ausência, a outro ser humano, após te-lo feito a esta parte, será considerado um ato de manipulação, regrada em legislação complementar e sujeita às sanções descritas no art. 13;<br />w) Contratar com esta administração passeios, acampamentos, noites em torno de fogueira, visitas a museus e centros culturais, idas ao cinema, shows e demais atividades a que esta administração possa atribuir segundas intenções, ainda que as suas próprias, de acordo com o seu poder discricionário;<br />x) a menção, na alínea w, a acampamentos, noites em torno de fogueira e shows incorre em agravante caso as referidas atividades tenham como trilha musical Mutantes, Raul Seixas, Legião Urbana, Chico Buarque, Adriana Calcanhoto e outras composições de alto teor melancólico passivo, regrado este em dispositivo legal próprio, segundo critérios técnicos;<br />z) constitui-se em sério agravante das infrações descritas nas alíneas l, m, n, u e v do presente artigo a afirmação, pela particular, de que a administração "não é nada" e/ou "não é ninguém" no que diz respeito à capacidade de compreendê-la.</span></p></blockquote><br /><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">§ 1° O aviso prévio pela particular de falta de interesse, sob qualquer alegação, de contratar com esta administração relação erotizada, estável e monógama, não importando a ênfase deste aviso, fica anulado na ocorrência ou reincidência dos comportamentos descritos nas alíneas a, b, c, d, f, i, j, n, o, u, e w.<br /><br /><em>(n.a.: estabelece a boa doutrina e, de maneira recorrente, a jurisprudência pessoal desta administração, que subentendidos jamais serão transformados em mal-entendidos, de modo que, neste caso, a lei não retroagirá beneficiando o réu).</em><br /><br />§ 2° A alegação de estado alterado de consciência, ou, segundo expressão consagrada, chapação, obtida por quaisquer meios, lícitos e/ou ilícitos, nunca e jamais, em nenhuma circunstância e em hipótese alguma, será considerada atenuante dos comportamentos descritos nas alíneas a, b, c, d, f, g, i, j, n, o, q, u, v, w e z, não anulando o primeiro parágrafo do presente artigo e, mais ainda, constituir-se-á em agravante das sanções enumeradas nas alíneas do art. 13, quando aplicáveis.<br /><br /><strong>Art. 11.</strong> A particular que se enquadre no disposto no art. 9° fica dispensada de apresentar à administração qualquer motivação para a negativa de contratar com a mesma relação erotizada, estável e monógama, mas, se o fizer, fica obrigada à comprovação do motivo apresentado e a comportamento coerente para com o mesmo, sob pena de sujeitar a administração às penalidades enumeradas nas alíneas do art. 13.<br /><br /><strong>Parágrafo único.</strong> Na hipótese de não apresentação pela particular de motivação para a negativa de contratar com a administração relação erotizada, estável e monógama ou de aquela alegar motivação comprovada e apresentar comportamento coerente, a administração fica sujeita às penalidades enumeradas nas alíneas do art. 13, por constituírem as mesmas uma prerrogativa irrenunciável e intransferível da administração.<br /><br /><strong>Art. 12.</strong> A administração evocará, em sua defesa, no caso do cumprimento integral de profecias auto-realizadoras impostas pela particular à administração, direta ou indiretamente, em especial no que tange ao seu próprio comportamento emocional e possíveis desdobramentos danosos do mesmo, tais como ataques verbais kamikazes de natureza irônica e sombria à particular e/ou terceiros de boa-fé, que deste advenham, o princípio da inexigibilidade de conduta diversa em semelhantes circunstâncias.<br /><br /><strong>Das Penalidades:</strong><br /><br /><strong>Art. 13.</strong> Esta administração será penalizada pela ocorrência dos comportamentos enumerados nas alíneas do art. 10 e nas situações descrita nos arts. 11, 12, 14, parágrafos 2° e 3°, 15 e 16 com as sanções seguintes, não excludentes de outras previstas em lei:<br /><br /></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) Mágoa<br />b) Revolta<br />c) Solidão<br />d) Comportamentos auto-destrutivos<br />e) Depressão<br />f) Pensamentos suicidas recorrentes<br />g) Isolamento<br />h) Saudade<br />i) Desinteresse por assuntos profissionais<br />j) Privação afetiva e/ou sexual<br />k) Niilismo<br />l) Baixa auto-estima<br />m) Raiva<br />n) arrependimento, mortal ou não<br />o) Sentimento de exílio de um plano paradisíaco original<br />p) Rancor<br />q) Culpa<br />r) Ciúme<br />s) Produção musical, poética e literária de qualquer natureza (vide art. 10, alínea s).<br />t) Sentimento doloroso de comparação com contratante preferencial da particular (vide alíneas b, l e r do presente artigo e o disposto no art. 15)<br />u) Sentimento de logro, engano e manipulação.<br />v) Sentimento de dissolução no caos e no absurdo, caracterizado pela flutuação arbitrária de imenso peso em meio a infinidades de nada.</span></blockquote><br /><span style="font-family:courier new;"><span style="font-size:85%;"><strong>Parágrafo único.</strong> Objetivando a uma completa prestação de contas junto aos diversos segmentos e universos formadores de sua psique, conscientes ou inconscientes, nos seus variados momentos e fases, os quais lhe compete administrar, ainda que sejam estas instâncias portadoras de interesses antagônicos, a administração se submeterá às alíneas enumeradas no presente artigo, ainda quando contraditórias entre si, constituindo-se esta contradição numa penalidade em si mesma.<br /><br /></span></span><span style="font-family:courier new;"><span style="font-size:85%;"><em>(n.a.: Esclarecemos, a respeito do disposto nas alíneas f, k, n, o e v do art. 13, que os dispositivos ordenadores das relações de ordem afetiva decorrem, de forma vinculada, da legislação que estabelece, em instância superior, os princípios filosóficos e existenciais da administração.<br /><br />Entretanto, a comprovada refutação destes últimos pelos primeiros, na práxis, é determinante da anulação dos referidos parâmetros primordiais, caso em que dispositivos a princípio banidos da legislação, tais como o auto-extermínio, retomam a validade.<br /><br />O extremo suicida é amplamente discutido pelo poder legislativo como forma de salvaguardar os princípios básicos da administração, na hipótese de estes não encontrarem sustentação em instância preexistente e sobrevivente à ela. Como muito bem enunciado pelo ilustre jurista, o Dr. João Alberto das Dores de Palácio e Câmara: “tais princípios são irrenunciáveis, ainda que na hipótese de não correspondência dos mesmos com realidade macro-cósmica estabelecida a priori por forças e razões inalcançáveis pelo legislador”.<br /><br />Curioso notar, entretanto, que a necessidade, pelo poder legislativo, de estabelecer tais premissas como básicas e a elas vincular os princípios primordiais da administração e, consequentemente, os dispositivos ordenadores das relações afetivas, parte da percepção de que tais premissas emanam, exatamente, de realidade estabelecida a priori por forças e razões inalcançáveis pelo legislador, assim como esta determina a necessária vinculação, donde decorre a advertência aparentemente contraditória de que tais princípios são “irrenunciáveis, ainda que impraticáveis”.<br /><br />É de se questionar o porque de o legislador assim proceder, garantindo à administração a prerrogativa da auto-aniquilação em caso de falência dos princípios que tornam a si mesmos irrenunciáveis, em face da confirmação inequívoca de “cosmovisão pessimista” por processo de experienciação reincidente de malogro afetivo, uma vez que sua necessidade se assenta neles mesmos e mais fácil seria, como sugerem alguns míopes juristas, revogar os dispositivos das instâncias inferiores, ao invés de, como interpretam erroneamente, a eles submeter os superiores.<br /><br />Tal inversão de valores não se dá. O fato é que, se é irredutível a realidade, o é também, posto que extensão sensível do organismo desta mesma estrutura, o sentimento igualmente real e igualmente irredutível de repulsa à inviabilidade de sua própria realização, o qual se constitui em gerador de constantes e dolorosos atritos e insolvíveis conflitos de ordem emocional. Da ausência do direito decorre, pois, neste caso, o direito, dando-lhe ainda a prerrogativa da auto-executoriedade).</em><br /><br /><strong>Da Amizade:</strong><br /><br /><strong>Art. 14.</strong> Serão considerados:<br /><br /><br /></span></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) bons amigos: aqueles seres humanos que se dispuserem a ouvir a respeito dos insucessos afetivos, existenciais e profissionais da administração, bem como as angústias da mesma e demais sentimentos, incluídos os enumerados no art. 10, alínea g, e nas alíneas do art. 13, ressalvadas as hipóteses de indisponibilidade dos mesmos por impossibilidade física, grave desordem social e catástrofe natural.<br />b) melhores amigos: aqueles seres humanos que se dispuserem ao descrito na alínea a deste artigo por mais de uma vez, ressalvadas as hipóteses de indisponibilidade dos mesmos por impossibilidade física, grave desordem social e catástrofe natural.</span></blockquote><br /><br /><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">§ 1° tais seres humanos adquirem direito de comportamento recíproco por parte da administração.<br /><br />§ 2° São expressamente vetadas ao ser humano que se enquadre no disposto no art. 9° desta Lei Orgânica as funções enumeradas nas alíneas a e b do presente artigo, ainda que preenchendo os requisitos das mesmas, e, especialmente, em os preenchendo.<br /><br />§ 3° Os seres humanos não estão obrigados a apresentar motivação para a negativa de se enquadrarem no disposto neste artigo, mas, se o fizerem, ficam obrigados à comprovação do motivo apresentado e a comportamento coerente para com o mesmo, sob pena de sujeitar a administração às penalidades enumeradas nas alíneas do art. 13.<br /><br /><strong>Da Rescisão Contratual:</strong><br /><br /><strong>Art. 15.</strong> A administração será responsabilizada pela ocorrência de abuso da regra três, mencionada em peça clássica do cancioneiro nacional, ocasionando este ou não a rescisão unilateral de contrato por parte da particular contratante com esta de relação erotizada, monógama e estável e sujeitar-se-á, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, ao disposto no art. 13.<br /><br />§ 1° A não exigência, por parte da particular supracitada, em caso de justificável rescisão contratual, da indenização disciplinada no parágrafo segundo do presente artigo, não implica em liberação do administrador que, agindo com culpa ou dolo, dê razão a mencionada rescisão, devendo este, portanto, submeter-se às penalidades enumeradas nas alíneas do art. 13.<br /><br />§ 2° São prerrogativas intransferíveis da particular prejudicada em seus direitos contratuais, de forma culposa ou dolosa, pelo administrador, segundo dispositivo disciplinado em peça clássica do cancioneiro nacional, festejar:<br /><br /><br /></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) o sofrer desta administração,<br />b) o seu penar</span></blockquote><br /><br /><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">§ 3° A manifestação do comportamento descrito nas alíneas a, b, c, d, f, i, j, l, m, n, o, u, e w do art. 10, por parte de particular enquadrada nas disposições do mencionado artigo, não exime o administrador que, agindo culposa ou dolosamente, dê causa à rescisão unilateral de contrato pela particular que se veja prejudicada em seus direitos contratuais junto à administração, do cumprimento integral do enumerado nas alíneas do art. 13, quando cabíveis.<br /><br />§ 4° Constitui ato de improbidade administrativa, punível de acordo com o disposto no art. 13 desta Lei Orgânica, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, o telefonema do administrador à particular a que se refere o presente artigo, mormente estando a mesma em nova situação jurídica, caso em que é prerrogativa inalienável da particular pedir ao novo contratante de relação erotizada, monógama e estável junto à sua estância que comunique à esta administração, ainda que de má-fé, a sua ausência naquele momento.<br /><br /><em>(n.a.: a inclusão deste parágrafo visa a coibir a incidência, pela administração, no que em direito se consagrou chamar de RES PATETICA).</em><br /><br />§ 5° Uma vez rescindido o contrato pela particular, de comum acordo ou unilateralmente, por razão justificada ou não, fica-lhe expressamente vetado o exercício, junto a esta administração, das funções mencionadas nas alíneas a e b do art. 14.<br /><br /><strong>Da Esperança:</strong><br /><br /><strong>Art. 16.</strong> Entende a administração que a particular incorre no fornecimento, malicioso ou não, de “esperança”, quando:<br /><br /><br /></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) Expressa o desejo de ser possuidora de coragem o suficiente para contrair relação erotizada, estável e monógama junto a estância que melhor a ela se nivele, apontando esta administração, de maneira inequívoca, como exemplo na tipificação da situação afetiva por ela desejada;<br />b) Utiliza, para referir-se ao titular de relação estável e monógama, erotizada ou não, junto à sua estância, os termos: “insensível”, “imbecil”, “operário-padrão” e outros suscetíveis de passar a mensagem de falência iminente da relação;<br />c) Mantém junto à administração, eventualmente, princípios de relação erotizada, ainda que instável, estando ou não o titular no quarto ao lado;<br />d) Pede ao administrador que aguarde o período necessário para alegada ordenação de sentimentos e/ou pensamentos ou para superação de fase, principalmente se, mediante tal alegação, a administração faz saber expressamente à particular tipificar a mesma “esperança”.<br />e) Revela junto à administração a eminência do desejo de que esta a leve para longe da situação atual, principalmente se, mediante tal afirmação, a administração faz saber expressamente à particular tipificar a mesma “esperança”;<br />f) Confidencia à administração o fato de que esta está a lhe minar as atuais estruturas e disposições.</span></blockquote><br /><br /><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">§ 1° Fica expressamente vetado à particular que incorrer em comportamento enquadrado em uma ou mais das alíneas do presente artigo e/ou nas alíneas a, b, c, d, f, g, i, j, n, o, q, u, v, w e z do art. 10 a afirmação de que jamais forneceu à administração qualquer esperança.<br /><br />§ 2° Fica expressamente vetado à particular que incorrer em comportamento enquadrado em uma ou mais das alíneas do presente artigo e/ou nas alíneas a, b, c, d, f, g, i, j, n, o, q, u, v, w e z do art. 10 a adoção de fachada social típica de mulher perseguida por elemento irracional e obsessivo, fachada esta suscetível de tornar qualquer elemento irracional e obsessivo em semelhantes circunstâncias (vide art. 12).<br /><br />§ 3° A particular que adotar comportamento de má-fé diante da afirmação por esta administração de que a mesma lhe forneceu esperanças ao adotar comportamento enquadrado em uma ou mais das alíneas do presente artigo e/ou nas alíneas a, b, c, d, f, g, i, j, n, o, q, u, v, w e z do art. 10 e/ou adotar fachada social típica de mulher perseguida por elemento irracional e obsessivo imputa em delito disciplinado na Lei Orgânica da Manipulação e na Lei Complementar da Perversidade.<br /><br /><br /><strong>Da Administração Indireta:</strong><br /><br /><br /><strong>Art. 17.</strong> O contato com o mundo externo se dará através de órgãos da administração indireta.<br /><br />§ 1° A administração indireta será responsabilidade de um comitê ministerial de pensamentos formados por:<br /><br /><br /></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) um biológico, ao qual cabe administrar questões relativas à subsistência;<br />b) um policial, recrutado entre as noções de conveniência, ao qual cabe reprimir dolorosamente a manifestação do desejo, da raiva e da saudade;<br />c) um social, recrutado entre os lugares-comuns, ao qual cabe fingir a aceitação da diversidade humana e do presumido valor em si mesmo da vida, bem como o elogio do esforço alheio diante da adversidade</span></blockquote><br /><br /><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">§ 2° A administração direta será exercida pelo monarca ao qual cabe, entre outras obrigações, as seguintes:<br /><br /><br /></span><blockquote><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">a) prestar tributo a bandeiras negras hasteadas a meio-palmo;<br />b) ser quem realmente é;<br />c) amar a quem realmente ama;<br />d) lamentar profundamente;<br />e) desejar ardente e dolorosamente;<br />f) odiar ao que realmente odeia;<br />g) manter contato com as verdadeiras bases do governo;<br />h) definir a comparação entre o que é e o que deveria ter sido;<br />i) definir o estado de sítio e a necessidade do suicídio;<br />j) sentir a mesma dor de sempre, não importando o local, ocasião ou conveniência;<br />k) sentir indefinível saudade de algo desconhecido;<br />l)resguardar parâmetros de satisfação e felicidade;<br />m) a vida na sombra</span></blockquote><br /><br /><span style="font-family:courier new;font-size:85%;">Registre-se. Publique-se. Cumpra-se. </span>R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-1138190393275780702006-01-25T09:59:00.000-02:002006-01-25T09:59:53.293-02:00E ela?Em algum dos meus registros, em alguma das minhas formas de consciência, que não sei bem precisar, eu sinto que estou distante, que retrocedi, que perdi. Vejo pessoas e situações dobrando uma curva na estrada. Saudades. Uma tristeza fria, quase sólida. Culpa. Pros que sabem do que estou falando, sinto como se perdesse Capela pela segunda vez, metafórica ou não.<br /><br />Não sei precisar as coordenadas desse lugar em mim.<br /><br />Tanta beleza delicada que eu destruí. Será que eu sei a extensão dos danos? Que consigo medir? E quantas voltas ao que sou e ao lar frustraram em mim? Por que anunciar assim o retorno do que agora volta a não existir? Rancor. <br /><br />Nós dois estamos mortos. Matei aqueles dois. O casal adorável. E agora você entende a distancia que eu guardava e seus olhos ainda brilham, mas menos. E ela? Entendo que você me faça essa pergunta, com ironia. Ela disse que reza por mim. À distância.R. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9397423.post-1134901306208466502005-12-18T08:20:00.000-02:002009-04-27T00:58:12.642-03:00Dias sem diaOutra vez<br />Nasce um sol<br />Um sol de ilusão<br />Cuja função<br />É fazer renascer<br />A cada dia<br />Nestes dias sem dia<br />Outra noite<br />Mais escura e fria<br />A mesma noite<br />De outro dia<br />Todo diaR. Marcushttp://www.blogger.com/profile/13738835880201878377noreply@blogger.com0