26 de fevereiro de 2005

planeta-prisão

Nestes dias em que a alma segrega ácido
Quando se pode ouvir a vida rindo com sarcasmo
E a esperança sai rendida do esconderijo
E as jóias sagradas são carvão na máquina
Moto-contínuo de dor e desilusão
E o mero carinho até tenta
Mas não consegue – nem deve – entender
O que me pede pra dizer¸ em vão
Nos dias em que se quer deitar e não ser
Mas é preciso lutar
Por uma triste vitória
Quando fazer o certo é morrer
E você sente que vencer é perder
E crescer é se tornar menor
E essa dor, sangue e vidro,
Que as linhas descrevem melhor
Quando traçadas com estilete,
Grita e se debate, insana,
Morrendo num jargão
E o amor, rota frustrada de fuga,
Faz sentir mais dura a pena
No planeta-prisão
Nestes dias eu te deixo
Com a pureza das respostas das crianças
Na estreiteza da sua cela
Com teus remédios
Tua crueldade edificante
Com tua fé e tua certeza
De que a vida é bela

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