26 de fevereiro de 2005

Morfina

Qual dessas frutas recém maduras
Vai ser a minha cocaína?
Qual dessas meninas
Vai ser a matéria em que eu caio
Expulso do paraíso?
Qual delas me dá o corpo
Em que esqueço a minha alma?
Entre que pernas vou buscar a escuridão
Pra ofuscar a luz da consciência
Da dor da sua ausência?
Pra nublar a noite cheia de estrelas distantes?
Em que carnes vou matar o meu espírito?
Vem, menina,
Vem ser a morfina pra tanta dor!
Vem ser o corpo
Onde despenca o meu abismo!
Deixa eu morrer em você, menina,
Turvar com suor a centelha divina
Chamada tristeza!
Vem me libertar de mim
E trancar num minuto
A eternidade dessa pena!
Vem, menina,
Apequena a minha alma!
Vem ser o túmulo
De natimortos sentimentos!
Vem, menina,
Vem dar à treva
Pra eu cair no esquecimento!

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