Dou à treva seres que empurro
De volta pra dentro
Pra não encarnar sentimentos
No corpo aleijado de palavras
De versos desbotados
Sobre mágoas normais
Que vão passar
Nem sentir sentimentos
Que são coceiras cínicas
na ponta do membro amputado
Ou visita que trouxe presente
Sem saber que o aniversariante morreu
E que eu tenho que receber.
Flor, te alimenta.
Eu cobro de uma gerência qualquer
O direito que tenho a sensação vaga de ter
Sobre o preço pago por um utilitário fundamental
Que não sei pra que serve,
Mas veio diferente do modelo que nunca vi
E que sou eu e a minha vida.
E a gerência não vem.
E eu me cansei de enviar estes ofícios
Sobre mágoas normais
Que vão passar.
Flor, te alimenta.
Estou cansado dos que dizem
Que eu entortei a mercadoria
Que não encomendei
E que tenho que pagar
E que era a própria régua.
Flor, te alimenta.
Estou parado na beirada da prisão
Que ninguém diz se é obra de seres inteligentes
Ou construção do vento
Em fotografia imprecisa feita por sonda
Que pousou em um planeta distante,
O nosso.
Estou parado nas bordas
Da prisão que ninguém vigia
E não atravesso
Porque depois é escuro...
Nascer é ser exilado.
Flor, me liberta.
Ah, que raiva de ser humano...
Flor, me liberta.
16 de abril de 2009
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