Em algum dos meus registros, em alguma das minhas formas de consciência, que não sei bem precisar, eu sinto que estou distante, que retrocedi, que perdi. Vejo pessoas e situações dobrando uma curva na estrada. Saudades. Uma tristeza fria, quase sólida. Culpa. Pros que sabem do que estou falando, sinto como se perdesse Capela pela segunda vez, metafórica ou não.
Não sei precisar as coordenadas desse lugar em mim.
Tanta beleza delicada que eu destruí. Será que eu sei a extensão dos danos? Que consigo medir? E quantas voltas ao que sou e ao lar frustraram em mim? Por que anunciar assim o retorno do que agora volta a não existir? Rancor.
Nós dois estamos mortos. Matei aqueles dois. O casal adorável. E agora você entende a distancia que eu guardava e seus olhos ainda brilham, mas menos. E ela? Entendo que você me faça essa pergunta, com ironia. Ela disse que reza por mim. À distância.
25 de janeiro de 2006
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